Pesquisadores norte-americanos falam sobre fórmula para ser feliz.
...acreditar em Deus, formar família e ter uma vida financeira estável. Essa foi a fórmula encontrada por pesquisadores norte-americanos. Saiba como chegar lá
Inúmeras palavras poderiam completar a frase acima. Mas pesquisadores da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, conseguiram mapear os elementos que levam uma pessoa a ser mais ou menos feliz (veja tabela na página ao lado). Em primeiro lugar está a religiosidade, seguida por uma renda mensal familiar igual ou superior a R$ 11,2 mil. A maturidade e o casamento também contam bastante e aparecem na sequência. O estudo foi feito com base no depoimento de 450 mil norte-americanos colhidos pelo Instituto Gallup em 2008 e 2009. O resultado foi publicado na revista científica norte-americana “Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS)”.
O empresário Chris Almeida, de 50 anos, é diretor-presidente do Grupo Panamby, um conglomerado de 14 empresas de sucesso, e sabe muito bem o peso que esses fatores têm no seu bem-estar. De origem humilde, ele começou a trabalhar aos 9 anos, como engraxate. Depois montou empresas em vários ramos, como pisos, mármores e um açougue. Mas quase tudo deu errado. A virada na vida veio depois que iniciou uma empresa de reabilitação de crédito, no mesmo momento em que passou a frequentar a igreja. Hoje o Panamby é um dos maiores grupos empresariais do País e Almeida recebeu prêmios como o de empresário do ano de 2009 pelo clube Hebraica, de São Paulo. Ele é casado, tem três filhas, curso superior, plano de saúde e desfruta de todo o conforto que uma boa renda pode trazer. “Sou a pessoa mais feliz do mundo. A coisa mais triste para um pai é passar um Natal sem poder dar um presente para as filhas. Por muito tempo elas moraram em um quarto e cozinha sem reboco na parede e estudaram em colégio de periferia. Hoje moro em um triplex, elas estudam em excelentes faculdades e têm casa própria”, descreve.
“A religiosidade está muito ligada com dar sentido à vida. A pessoa fica mais motivada, pertence a uma comunidade – o que já a exclui da solidão –, e por isso também fica mais confiante. Ela lida melhor com a questão do fracasso, do perdão e adquire outros valores”, explica o psiquiatra Frederico Leão, coordenador do núcleo de estudos de problemas espirituais e religiosos do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, em São Paulo. Entre os principais motivos que levam à infelicidade, segundo a pesquisa de Princeton, está justamente a solidão.
O estudo chegou ao valor de R$ 11,2 mil por mês depois de detectar que quanto mais as pessoas recebiam, mais felizes elas eram. Mas essa relação estaciona nos US$ 75 mil (R$ 135 mil) anuais. A partir daí, a renda não é mais tão determinante para a felicidade. “É claro que dinheiro pode ajudar uma pessoa a se estressar menos, não se preocupar com itens básicos e dar lazer à família. Isso traz bem-estar. Mas também temos que relativizar os dados na questão sociocultural. Esse valor corresponde a uma família norte-americana e não a uma brasileira. Mesmo aqui o valor para uma família de São Paulo tem peso diferente do que a mesma quantia para uma família do interior do Piauí”, avalia Fabio Calo, psicólogo e terapeuta comportamental do Instituto de Psicologia Aplicada (INPA). “Acredito que ninguém seja feliz no sufoco financeiro, mas vejo como mais precioso do que qualquer valor monetário buscarmos sempre a Deus, pois só Ele é capaz de nos dar, além de dinheiro, paz, harmonia e serenidade na família”, atesta o empresário Celso Henrique Marques, morador do bairro Recreio dos Bandeirantes, zona nobre do Rio de Janeiro. Para Antonio de Julio, consultor em finanças pessoais da consultoria MoneyFit, até mesmo o montante proposto para a felicidade tem que ser questionado. “Esse valor beneficia uma classe média norte-americana que compra a casa própria com juros baixos e paga mais fácil qualquer financiamento. Em uma capital brasileira, para uma família com filhos em escola particular, com carro e casa para quitar, o valor já nem sobra tanto para a felicidade no final do mês”, calcula.
Para quem quer fazer o salário render e até quem sabe ficar mais feliz com o que ganha, o consultor indica a conhecida receita de colocar tudo na ponta do lápis e não gastar em um mês mais do que se ganha.
Felicidade Interna Bruta
O conceito de que o dinheiro colabora com a felicidade, mas não é o principal, também está implícito na teoria da Felicidade Interna Bruta (FIB). Trata-se de um índice que nasceu no Butão, na Ásia, em confronto ao conceito de Produto Interno Bruto (PIB), que soma todas as riquezas de um país mas não seria o melhor índice para medir o desenvolvimento das nações. A fórmula da FIB calcula a riqueza considerando outros aspectos além do econômico, como a qualidade de vida das pessoas.
“As necessidades básicas são certamente alcançadas com dinheiro. É um sofrimento alguém ver o filho doente e não conseguir comprar o remédio. A pessoa fica profundamente infeliz. O dinheiro assegura uma imensa melhoria da percepção da qualidade de vida”, diz o economista Ladislau Dawbor, consultor da Organização das Nações Unidas.
A psicóloga Samia Aguiar Simurro lembra também que o percurso percorrido para alcançar o sucesso financeiro pode matar a felicidade que o dinheiro traria. “Se a pessoa é rica, mas trabalha como uma condenada, não tem tempo para a família e passa cotidianamente por situações de muito estresse, certamente ela não desfruta de toda a felicidade que o dinheiro traria para ela”, pondera.
Ela relembra ainda outra teoria, descrita no livro “A ciência da felicidade”, da escritora Sonja Lyubomirsky, que confronta a afirmação de que dinheiro compra felicidade (algumas das dicas presentes na obra estão destacadas ao longo da reportagem).
O livro diz que algumas pessoas nascem geneticamente programadas para serem felizes, e que isso corresponde a 50% das chances de sorrir mais do que quem nasceu sem essa característica. Já as circunstâncias da vida, como emprego, estar ou não casado e ter mais ou menos dinheiro, teriam o peso de apenas 10%. Os outros 40% ficam por conta de atitudes diárias que as pessoas podem mudar e praticar para atingir um nível de satisfação melhor com a vida. “Um exemplo são as pessoas com atitudes positivas, que reconhecem o sucesso e são gratas, que cultivam o otimismo. Elas são mais felizes que os pessimistas”, finaliza.
Inúmeras palavras poderiam completar a frase acima. Mas pesquisadores da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, conseguiram mapear os elementos que levam uma pessoa a ser mais ou menos feliz (veja tabela na página ao lado). Em primeiro lugar está a religiosidade, seguida por uma renda mensal familiar igual ou superior a R$ 11,2 mil. A maturidade e o casamento também contam bastante e aparecem na sequência. O estudo foi feito com base no depoimento de 450 mil norte-americanos colhidos pelo Instituto Gallup em 2008 e 2009. O resultado foi publicado na revista científica norte-americana “Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS)”.
O empresário Chris Almeida, de 50 anos, é diretor-presidente do Grupo Panamby, um conglomerado de 14 empresas de sucesso, e sabe muito bem o peso que esses fatores têm no seu bem-estar. De origem humilde, ele começou a trabalhar aos 9 anos, como engraxate. Depois montou empresas em vários ramos, como pisos, mármores e um açougue. Mas quase tudo deu errado. A virada na vida veio depois que iniciou uma empresa de reabilitação de crédito, no mesmo momento em que passou a frequentar a igreja. Hoje o Panamby é um dos maiores grupos empresariais do País e Almeida recebeu prêmios como o de empresário do ano de 2009 pelo clube Hebraica, de São Paulo. Ele é casado, tem três filhas, curso superior, plano de saúde e desfruta de todo o conforto que uma boa renda pode trazer. “Sou a pessoa mais feliz do mundo. A coisa mais triste para um pai é passar um Natal sem poder dar um presente para as filhas. Por muito tempo elas moraram em um quarto e cozinha sem reboco na parede e estudaram em colégio de periferia. Hoje moro em um triplex, elas estudam em excelentes faculdades e têm casa própria”, descreve.
“A religiosidade está muito ligada com dar sentido à vida. A pessoa fica mais motivada, pertence a uma comunidade – o que já a exclui da solidão –, e por isso também fica mais confiante. Ela lida melhor com a questão do fracasso, do perdão e adquire outros valores”, explica o psiquiatra Frederico Leão, coordenador do núcleo de estudos de problemas espirituais e religiosos do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, em São Paulo. Entre os principais motivos que levam à infelicidade, segundo a pesquisa de Princeton, está justamente a solidão.
O estudo chegou ao valor de R$ 11,2 mil por mês depois de detectar que quanto mais as pessoas recebiam, mais felizes elas eram. Mas essa relação estaciona nos US$ 75 mil (R$ 135 mil) anuais. A partir daí, a renda não é mais tão determinante para a felicidade. “É claro que dinheiro pode ajudar uma pessoa a se estressar menos, não se preocupar com itens básicos e dar lazer à família. Isso traz bem-estar. Mas também temos que relativizar os dados na questão sociocultural. Esse valor corresponde a uma família norte-americana e não a uma brasileira. Mesmo aqui o valor para uma família de São Paulo tem peso diferente do que a mesma quantia para uma família do interior do Piauí”, avalia Fabio Calo, psicólogo e terapeuta comportamental do Instituto de Psicologia Aplicada (INPA). “Acredito que ninguém seja feliz no sufoco financeiro, mas vejo como mais precioso do que qualquer valor monetário buscarmos sempre a Deus, pois só Ele é capaz de nos dar, além de dinheiro, paz, harmonia e serenidade na família”, atesta o empresário Celso Henrique Marques, morador do bairro Recreio dos Bandeirantes, zona nobre do Rio de Janeiro. Para Antonio de Julio, consultor em finanças pessoais da consultoria MoneyFit, até mesmo o montante proposto para a felicidade tem que ser questionado. “Esse valor beneficia uma classe média norte-americana que compra a casa própria com juros baixos e paga mais fácil qualquer financiamento. Em uma capital brasileira, para uma família com filhos em escola particular, com carro e casa para quitar, o valor já nem sobra tanto para a felicidade no final do mês”, calcula.
Para quem quer fazer o salário render e até quem sabe ficar mais feliz com o que ganha, o consultor indica a conhecida receita de colocar tudo na ponta do lápis e não gastar em um mês mais do que se ganha.
Felicidade Interna Bruta
O conceito de que o dinheiro colabora com a felicidade, mas não é o principal, também está implícito na teoria da Felicidade Interna Bruta (FIB). Trata-se de um índice que nasceu no Butão, na Ásia, em confronto ao conceito de Produto Interno Bruto (PIB), que soma todas as riquezas de um país mas não seria o melhor índice para medir o desenvolvimento das nações. A fórmula da FIB calcula a riqueza considerando outros aspectos além do econômico, como a qualidade de vida das pessoas.
“As necessidades básicas são certamente alcançadas com dinheiro. É um sofrimento alguém ver o filho doente e não conseguir comprar o remédio. A pessoa fica profundamente infeliz. O dinheiro assegura uma imensa melhoria da percepção da qualidade de vida”, diz o economista Ladislau Dawbor, consultor da Organização das Nações Unidas.
A psicóloga Samia Aguiar Simurro lembra também que o percurso percorrido para alcançar o sucesso financeiro pode matar a felicidade que o dinheiro traria. “Se a pessoa é rica, mas trabalha como uma condenada, não tem tempo para a família e passa cotidianamente por situações de muito estresse, certamente ela não desfruta de toda a felicidade que o dinheiro traria para ela”, pondera.
Ela relembra ainda outra teoria, descrita no livro “A ciência da felicidade”, da escritora Sonja Lyubomirsky, que confronta a afirmação de que dinheiro compra felicidade (algumas das dicas presentes na obra estão destacadas ao longo da reportagem).
O livro diz que algumas pessoas nascem geneticamente programadas para serem felizes, e que isso corresponde a 50% das chances de sorrir mais do que quem nasceu sem essa característica. Já as circunstâncias da vida, como emprego, estar ou não casado e ter mais ou menos dinheiro, teriam o peso de apenas 10%. Os outros 40% ficam por conta de atitudes diárias que as pessoas podem mudar e praticar para atingir um nível de satisfação melhor com a vida. “Um exemplo são as pessoas com atitudes positivas, que reconhecem o sucesso e são gratas, que cultivam o otimismo. Elas são mais felizes que os pessimistas”, finaliza.
Fonte: Folha Universal
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