O déficit de atenção em adultos com TDAH: um desafio para a saúde mental

O transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) é uma condição neurológica que afeta cerca de 3 milhões de brasileiros, segundo estimativas. Embora seja mais conhecido por seus sintomas na infância, como falta de concentração, impulsividade e agitação, o TDAH também pode persistir na vida adulta e trazer diversos prejuízos para o bem-estar, o desempenho profissional e os relacionamentos interpessoais.

Neste texto, vamos abordar os principais aspectos do déficit de atenção em adultos com TDAH, suas causas, sintomas, diagnóstico e tratamento. Além disso, vamos apresentar alguns pontos de vista divergentes sobre o tema, buscando ampliar a compreensão e o debate sobre esse transtorno tão complexo e desafiador.

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O que é o déficit de atenção em adultos com TDAH?

O déficit de atenção é um dos sintomas mais característicos do TDAH, que se manifesta por uma dificuldade em manter o foco, a atenção e a organização em tarefas que exigem esforço mental ou que são consideradas monótonas ou repetitivas. Os adultos com TDAH tendem a se distrair facilmente com estímulos externos ou internos, como ruídos, pensamentos, emoções ou lembranças. Eles também podem ter problemas de memória, esquecendo-se de compromissos, prazos, objetos ou informações importantes.

O déficit de atenção em adultos com TDAH pode afetar diversas áreas da vida, como o trabalho, os estudos, as finanças, a saúde e as relações sociais. Por exemplo, um adulto com TDAH pode ter dificuldade em planejar, executar e concluir projetos, cumprir metas, seguir instruções, manter a ordem e a limpeza, administrar o tempo e o dinheiro, cuidar da alimentação e da atividade física, entre outras atividades cotidianas. Além disso, ele pode se sentir frustrado, ansioso, deprimido, culpado ou inferiorizado por não conseguir atender às expectativas próprias ou alheias.

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Quais são as causas do déficit de atenção em adultos com TDAH?

As causas do déficit de atenção em adultos com TDAH ainda não são totalmente esclarecidas pela ciência, mas há evidências de que se trata de um transtorno de origem genética, que envolve alterações na estrutura e no funcionamento de algumas regiões do cérebro, especialmente as que regulam a atenção, a impulsividade e a autocontrole. Essas alterações podem estar relacionadas a um desequilíbrio nos níveis de neurotransmissores, como a dopamina e a noradrenalina, que são substâncias químicas responsáveis pela comunicação entre os neurônios.

Além dos fatores genéticos, alguns fatores ambientais podem influenciar o desenvolvimento e a manifestação do déficit de atenção em adultos com TDAH, como o consumo de álcool, tabaco ou drogas durante a gestação, o baixo peso ao nascer, a exposição a toxinas, infecções ou traumas na infância, o estresse, a falta de sono, a má alimentação, entre outros.

Como é feito o diagnóstico do déficit de atenção em adultos com TDAH?

O diagnóstico do déficit de atenção em adultos com TDAH é feito por meio de uma avaliação clínica, que envolve a anamnese, ou seja, a entrevista com o paciente, e a aplicação de questionários, escalas ou testes padronizados, que medem a frequência e a intensidade dos sintomas. Além disso, o diagnóstico deve levar em conta o histórico de TDAH na infância, pois é um critério essencial para a definição do transtorno. Por isso, é importante que o paciente forneça informações sobre seu comportamento e seu desempenho escolar na infância, assim como relatos de familiares, amigos ou professores que possam confirmar os sintomas.

O diagnóstico do déficit de atenção em adultos com TDAH pode ser difícil, pois os sintomas podem se confundir com os de outros transtornos psiquiátricos, como a ansiedade, a depressão, o transtorno bipolar, o transtorno obsessivo-compulsivo, entre outros. Além disso, muitos adultos com TDAH não reconhecem seus sintomas como parte de um transtorno, mas como traços de personalidade, hábitos ou dificuldades normais. Por isso, é fundamental procurar um profissional especializado, como um psiquiatra ou um psicólogo, para fazer uma avaliação adequada e descartar outras possíveis causas.

Como é feito o tratamento do déficit de atenção em adultos com TDAH?

O tratamento do déficit de atenção em adultos com TDAH é baseado em três pilares: a medicação, a psicoterapia e a orientação. A medicação consiste no uso de remédios que atuam sobre os neurotransmissores envolvidos no TDAH, como os estimulantes (metilfenidato, anfetaminas) e os não estimulantes (atomoxetina, bupropiona, clonidina). Esses remédios podem ajudar a melhorar a concentração, a memória, a organização, o controle dos impulsos e a regulação do humor. No entanto, eles devem ser prescritos e acompanhados por um médico, pois podem causar efeitos colaterais, como insônia, perda de apetite, taquicardia, irritabilidade, entre outros.

A psicoterapia consiste em um processo de autoconhecimento, apoio e mudança de comportamento, que pode ser realizado individualmente ou em grupo, com um psicólogo ou outro profissional habilitado. A psicoterapia pode ajudar o adulto com TDAH a entender seu transtorno, a lidar com suas emoções, a desenvolver habilidades sociais, a aumentar sua autoestima, a superar seus traumas, a resolver seus conflitos, entre outros benefícios. Existem diferentes abordagens psicoterapêuticas, como a cognitivo-comportamental, a psicanalítica, a humanista, a sistêmica, entre outras, que podem ser adaptadas às necessidades e aos objetivos de cada paciente.

A orientação consiste em um conjunto de estratégias práticas, educacionais e ambientais, que podem ajudar o adulto com TDAH a se organizar, a se planejar, a se motivar, a se disciplinar, a se concentrar, a se relaxar, entre outras ações, que podem facilitar seu cotidiano e melhorar sua qualidade de vida. A orientação pode ser feita pelo próprio paciente, por meio de livros, cursos, aplicativos, entre outros recursos, ou por um profissional especializado, como um coach, um mentor, um tutor, um orientador vocacional, entre outros. Alguns exemplos de orientação são: usar agendas, listas, lembretes, alarmes, cronogramas, metas, recompensas, rotinas, hábitos, exercícios físicos, meditação, alimentação saudável, sono regular, entre outros.

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Quais são os pontos de vista divergentes sobre o déficit de atenção em adultos com TDAH?

O déficit de atenção em adultos com TDAH é um tema que gera muitas controvérsias e divergências, tanto na comunidade científica quanto na sociedade em geral. Alguns dos principais pontos de debate são:

  • A existência e a validade do TDAH como um transtorno. Alguns críticos questionam se o TDAH é realmente uma doença ou se é uma invenção da indústria farmacêutica, da psiquiatria ou da educação, para rotular, controlar ou medicar pessoas que não se encaixam nos padrões sociais de normalidade, produtividade ou comportamento. Eles argumentam que o TDAH é uma construção social, cultural ou histórica, que varia de acordo com o contexto, a época e o lugar, e que não tem uma base biológica ou científica sólida. Eles também apontam que o TDAH é um conceito vago, impreciso e inconsistente, que abrange uma variedade de sintomas que podem ser explicados por outras causas, como a personalidade, o temperamento, o ambiente, a educação, a cultura, entre outros fatores .
  • Por outro lado, alguns defensores afirmam que o TDAH é um transtorno real, que tem uma origem genética e neurobiológica, que pode ser comprovada por exames de imagem, de sangue ou de DNA, que mostram diferenças estruturais e funcionais no cérebro e nos genes das pessoas com TDAH em relação às pessoas sem o transtorno. Eles também defendem que o TDAH é um conceito claro, preciso e consistente, que segue critérios diagnósticos bem definidos e padronizados, que são reconhecidos e validados por organizações internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Associação Americana de Psiquiatria (APA). Eles ainda ressaltam que o TDAH é um transtorno sério, que causa sofrimento e prejuízo para as pessoas que o têm, e que precisa de tratamento adequado e eficaz .
  • A necessidade e a eficácia da medicação para o TDAH. Alguns críticos questionam se a medicação é realmente necessária e eficaz para o tratamento do TDAH, ou se é uma forma de medicalização, de dependência química ou de manipulação da indústria farmacêutica, que visa lucrar com a venda de remédios que podem ser nocivos, viciantes ou ineficientes. Eles argumentam que a medicação não trata a causa do TDAH, mas apenas alivia temporariamente os sintomas, que podem voltar com mais intensidade quando o efeito do remédio passa. Eles também alertam que a medicação pode causar efeitos colaterais graves, como alterações cardíacas, hepáticas, renais, hormonais, entre outras, que podem comprometer a saúde física e mental das pessoas com TDAH. Eles ainda sugerem que existem alternativas mais naturais, seguras e efetivas para o tratamento do TDAH, como a psicoterapia, a educação, a alimentação, a atividade física, entre outras .
  • Por outro lado, alguns defensores afirmam que a medicação é uma ferramenta essencial e eficaz para o tratamento do TDAH, que atua sobre a causa do transtorno, que é o desequilíbrio dos neurotransmissores no cérebro, e que proporciona uma melhora significativa e duradoura dos sintomas, que pode melhorar a qualidade de vida das pessoas com TDAH. Eles também afirmam que a medicação é segura, não viciante e bem tolerada, desde que seja prescrita e acompanhada por um médico, que pode ajustar a dose, o tipo e a duração do tratamento, de acordo com as necessidades e as reações de cada paciente. Eles ainda defendem que a medicação não exclui outras formas de tratamento, mas que pode potencializar seus efeitos, como a psicoterapia, a orientação, entre outras 

Conclusão

O déficit de atenção em adultos com TDAH é um tema que envolve muitas questões, desafios e controvérsias, que exigem uma abordagem crítica, reflexiva e informada. É importante reconhecer que o TDAH é um transtorno que existe, que afeta milhões de pessoas no mundo todo, e que precisa de atenção, compreensão e tratamento adequado. Porém, também é importante questionar os discursos, os interesses e as práticas que envolvem o TDAH, e buscar fontes confiáveis, diversificadas e atualizadas de informação, que possam ampliar o conhecimento e o debate sobre esse transtorno tão complexo e desafiador.

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